MARCAS NA PEDRA


Quando pensar em fazer algum roteiro pelo Nordeste, esqueça por um momento os óbvios destinos com praias e coqueiros. A região tem belas faixas de areia, inegavelmente, mas não apenas isso. Tente se lembrar de um lugar dominado pela caatinga, bioma ímpar, e coberto de pinturas deixadas pelos nossos ancestrais, 12 mil anos atrás. Agarre a chance de entrar em contato com um Brasil profundo, de um povo simples, de olhar sincero.
E siga o Parque Nacional da Serra da Capivara,  no sudeste do Piauí, a 517 quilômetros de Teresina e a 380 quilômetros de Petrolina, já em Pernambuco. A maior reserva arqueológica a céu aberto do mundo tem 1.200 sítios catalogados, 172 abertos à visitação.
Riqueza suficiente para garantir um lugar na lista de Patrimônio Cultural da Humanidade da Unesco.
Pela distância e pela condição das estradas, vale começar a viagem em Petrolina. Dali, são cerca de cinco horas para chegar à cidade com melhor infraestrutura no entorno da reserva, São Raimundo Nonato.
A viagem é tranquila, mas exige espírito de aventura. É essencial levar água, de preferência em isopor, pois o calor é forte e não há pontos de parada. Siga pela BR-407 até o Posto Fiscal, logo após a divisa dos dois Estados, depois pegue a PI-465 até a BR-20, que cruza o parque.
Passando São Raimundo Nonato serão mais 20 quilômetros de estrada até o parque, que tem 130 mil hectares e relevo único, formado há cerca de 240 milhões de anos. São cânions, paredões de pedra e chapadas pontilhados pela vegetação típica da caatinga, onde a quantidade e a variedade de cáctus parece triplicar.
O parque tem estrutura que contempla tanto aventureiras quanto viajantes com pouco preparo físico – vale lembrar que 30 desses sítios são acessíveis a deficientes físicos.
Não importa aonde vá, o turista precisa de um guia credenciado, normalmente gente nascida e criada nos arredores do parque. Cada guia é responsável por até 10 pessoas e cobra R$ 75 por grupo, quantia que não inclui os R$ 10 para entrar na reserva.
Mas o parque não é pródigo apenas de riquezas naturais. O Museu do Homem Americano, por exemplo, conta a história das descobertas feiras na Serra da Capivara com tecnologia e instalações para lá de modernas. Há crânios e esqueletos em urnas funerárias, ferramentas líticas que mais parecem jóias e uma tela de cinema que mostra desenhos rupestres.
Quando bater a fome, vá ao povoado vizinho de Sítio de Mocó, onde está o camping da Pedra Furada. Você vai comer deliciosos pratos á base de carne de sol, frango ou carneiro por R$ 10. O camping também tem barracas (R$ 10) e quartos (R$ 20 com café) bem simples, mas perfeitos para os que não vão resistir à tentação de esticar a viagem e seguir descobrindo o Brasil.












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